Criando espaço para sentimentos e emoções.
Convido-o a sentar-se confortavelmente numa cadeira,
Com as costas direitas e os pés bem apoiados no chão.
Feche os olhos ou fixe-os num ponto à sua frente,
Aquilo que for mais confortável.
Faça algumas respirações lentas e profundas e observe curiosamente as sensações corporais provocadas.
Analise o seu corpo da cabeça aos pés,
Notando aquilo que consegue sentir nas diferentes partes.
Existe alguma área sobre tensão?
Se sim,
Experimente respirar para essa ou essas áreas,
Deixando a tensão ir,
Libertando-a gentilmente na expiração.
Agora,
Tire um momento para se conectar com os seus valores enquanto pessoa.
A forma como gosta de se comportar,
Como se propõe a relacionar com os outros e com o mundo.
Tendo subjacentes esses valores,
Está disposto a realizar comigo um exercício que poderá trazer à tona alguns sentimentos e emoções difíceis?
Este exercício irá envolver a sua imaginação e uma relação com alguém importante para si,
Alguém de quem goste especialmente.
Conecte-se então com os valores que gostaria de ver traduzidos nessa mesma relação.
Quais os valores que quer trazer para a sua relação enquanto mãe,
Enquanto companheira,
Enquanto amiga?
Qualquer que seja a relação na qual se está a focar.
Está disposto a realizar este exercício,
Sabendo que irá ajudá-lo a melhorar as suas relações e a forma como lida com o sofrimento por elas de espoletado?
Se não estiver pronto,
Não o faça.
Se sim,
Traga à sua mente a relação sobre a qual se pretende debruçar,
Relembrando-se dos aspectos difíceis ou desafiantes para si,
Com esta pessoa em particular.
Veja se consegue aceder a uma memória específica,
Seja ela recente ou distante,
Mas uma memória que represente essa mesma dificuldade,
A sua dor e sofrimento.
Tente escolher apenas uma que seja significativa,
Tornando-a o mais vívida possível na sua imaginação.
Nessa memória,
Como se parece isso à pessoa?
O que estão a fazer ou a dizer?
Como é o tom da sua voz?
Qual o tema da conversa?
Quais as palavras proferidas?
Estão calmos,
Exaltados?
A chorar,
A gritar,
A rir?
Qual a sua expressão facial e postura corporal?
Não precisa de visualizar claramente a memória,
Desde que consiga senti-la.
Tente conectar-se também com o seu próprio corpo.
Note o que é que está a fazer com os seus braços,
Com as pernas,
Boca.
Está tranquilo?
Está irritado?
Foque-se também na emoção.
Como é que esta memória o faz sentir?
É algo que não quer?
Não quer isto para as suas relações próximas,
Mas é o que está a presente,
E é doloroso,
Causa sofrimento.
Tome consciência desse sentimento,
Dessa emoção.
Faça o oposto do que normalmente faz.
Em vez de o evitar ou tentar afastar,
Traga-o intencionalmente à sua consciência.
Permita-se a sentir a raiva,
A tristeza,
A dor,
A culpa,
A frustração ou a solidão.
Permita-se mergulhar nesses sentimentos,
Por mais difíceis que sejam.
Use essa parte de si que se está a observar para fazer um rastreio ao seu corpo,
Da cabeça aos pés,
Notando onde sente com mais intensidade a emoção.
É nos pés?
Nas pernas?
No peito?
Se sentir algum tipo de adormecimento,
Note também onde é que este é mais intenso.
Em que área?
Em que região?
Veja se consegue fazer zoom nessa parte do seu corpo,
Conectando-se mais profundamente com a sensação provocada.
Observe o sentimento como se fosse uma criança curiosa que nunca viu nada parecido antes.
Note-o de todos os ângulos possíveis.
Dos lados,
De cima,
De baixo.
Imagine-se a traçar uma linha em torno do sentimento.
Qual a forma e tamanho que este assume?
Está em movimento?
Está parado?
É pesado ou é leve?
Tem alguma temperatura?
Consegue notar pontos de calor ou pontos de frio?
Existe algum tipo de vibração associada?
Note com curiosidade,
De todas as perspectivas.
Se a sua mente estiver em plano de fundo,
A tentar distraí-lo,
Note também isso mesmo,
E volte a focar-se no sentimento no seu corpo.
À medida que o observa,
Respire profundamente.
Respire para e em volta do sentimento.
Permita que a sua atenção se expanda,
Não para se livrar do sentimento,
Mas para criar espaço para que este possa estar presente.
Se ele se intensificar ou tornar maior,
Crie ainda mais espaço.
Não importa quão grande se tornar,
Pois nunca poderá ser maior do que você próprio.
Continua a respirar em torno dele,
Vendo se simplesmente pode permitir a sua existência.
Não estou a pedir que goste dele ou que o queira experienciar.
Apenas aceite,
Permita-se a sentir.
Deixe-o ser tal como é,
Observando-o com curiosidade.
Respire para ele,
Expanda em torno dele.
Agora,
Levante uma das suas mãos e imagine que esta transporta uma energia poderosa de bondade e compaixão.
No passado,
Usou esta mão de forma gentil e cuidadosa com outras pessoas.
Possivelmente,
Esteve presente quando alguém importante precisou de si,
Ou ajudou um amigo num momento de dificuldade.
Veja se consegue transportar essa bondade e gentileza na sua mão neste preciso momento.
Enche-a de amor e afeto.
Sinta essa energia.
Peço-lhe agora que coloque essa mão na área do seu corpo onde sente a emoção com mais intensidade.
Ou,
Em alternativa,
Pode também escolher colocá-la sobre o seu peito,
Sobre a zona do coração.
Repouse neste momento por uns instantes.
Imagine que toda a energia presente na sua mão está a ser enviada para dentro de si.
Está a preencher o seu corpo,
Da cabeça aos pés,
Em todas as direções.
Se existir uma emoção particularmente difícil,
Envia o calor e gentileza para e em redor dela.
Veja se consegue segurar levemente essa dor,
Independentemente de onde esteja presente,
Ou da forma que assumir.
Como se fosse um bebê a precisar de carinho e cuidado.
Continue a observar o sentimento com uma atitude de curiosidade,
Supondo agora que tenha a possibilidade de fazer uma escolha.
Vou dar-lhe duas possibilidades para refletir.
1.
Não volte a ter sentimentos ou emoções desagradáveis como estes nunca mais na sua vida.
Contudo,
Aperte a capacidade de cuidar e amar.
A vida tornasse-se-á sem sentido e as relações não significarão nada para si.
Mas também não haverá nunca mais esta dor.
2.
Tenha a capacidade de se preocupar e cuidar.
A sua vida pode ser rica e com propósito.
Pode ter relações significativas,
Mas,
Com esta opção,
Vem o facto de que existirá sempre uma discrepância entre o que tem e o que gostaria de ter.
Sendo que quanto maior esta discrepância,
Mais dolerosos os sentimentos que irão surgir.
Então,
Qual das hipóteses escolhe?
E,
A partir dessa escolha,
Retorna a sua atenção para o corpo,
Para a emoção,
Criando espaço,
Expandindo-o,
Permitindo-o que esteja presente.
Note como este sentimento lhe dá algumas informações valiosas.
Diz-lhe que é um ser humano normal,
Com um coração.
Diz-lhe que é capaz de sentir,
Que se importa.
Que há coisas na vida que são significativas para si.
Isto é o que os seres humanos sentem quando existe uma lacuna ou uma discrepância entre o que querem e o que têm.
Entre o que são e o que gostariam de ser.
Não é um sinal de fraqueza ou de que algo de errado se passa consigo.
Não é um sinal de doença mental.
É um sinal de que é um ser humano vivo e com sentimentos.
Algo que tem em comum com todos os seres humanos existentes neste planeta.
Então,
Será que tem de lutar contra este sentimento?
Será que tem de fugir dele?
Ou pode fazer as pazes com o mesmo?
Abandonar a luta,
O conflito,
Mesmo quando lhe traz sofrimento?
Reflita comigo.
O que é que ganha com esta batalha consigo próprio?
Este sentimento é uma parte de si.
Tal como os seus membros,
O seu nariz,
A sua boca,
As suas orelhas.
Ele é uma parte de si.
E o que é que ganha com fugir de partes de si?
Pode antes abrir espaço para elas,
Mesmo sendo dolorosas.
Será que é capaz de abrir este espaço?
E agora,
Aproximando-nos no fim desta prática,
Verifico como o sentimento pode ter diminuído ou até desaparecido.
Pode também continuar ainda muito intenso.
Independentemente da medida em que esteja presente,
Mantenha-o no foco da sua atenção.
Não tente fugir dele.
Não o mande embora.
Reconheça que ele está aqui.
E ao mesmo tempo,
Traga a sua atenção para o corpo.
Sinta os pés bem assentos no chão.
Endireita as suas costas.
Faça um alongamento e tome consciência do movimento do seu corpo,
Em torno do sentimento.
Note como existem pensamentos,
Tal como um corpo que se pode mover.
Gentilmente,
Abra os seus olhos e olhe à sua volta.
Note onde é que está,
O que é que está a fazer,
O que pode ouvir.
E perceba que não há apenas um sentimento aqui.
Há um sentimento dentro de um corpo,
Dentro de uma sala,
Dentro de um mundo cheio de oportunidades.
Respire profundamente mais uma vez,
Congratulando-se pelo tempo investido nesta prática.
Pelo tempo que esteve a cuidar de si,
Da sua saúde.