
Abraçando a Morte: Uma Meditação Expansiva e Transformadora
Esta é uma meditação destinada apenas a meditadores experientes, já que abala com aspectos profundos da vida e morte. Contudo, trata-se de uma visualização guiada, rica, com audio editado intencional e estratégicamente, para guiar o meditador numa experiência única nesse momento único que aguarda por todos nós: o fim da vida. Experimente, será expansivo e transformador. Contem-nos a vossa experiência nos comentários!!!
Transcript
Então,
Meu querido ouvinte,
Bem-vindo a esta meditação sobre o seu fim.
Desde já parabéns,
Porque é necessário um estado mental e um desenvolvimento bastante particular para você ter clicado nesta meditação,
Mas acredite,
Vai valer a pena.
Eu sei que ainda está na dúvida,
Eu sei que neste momento,
Eu imagino que a sua mente crítica está neste momento a dizer,
Hum,
Será que isto vale a pena?
Será que eu vou conseguir?
Será que eu lido bem com a meditação sobre a minha morte?
Estes são só pensamentos,
Vamos abraçá-los e vamos continuar,
Pode ser?
Não é algo assim tão difícil,
Não é nada difícil,
É algo que vai trazer-lhe um pouco mais de insight e desenvolvimento,
Acredite.
Por isso fico comigo até ao fim,
Meu querido,
Minha querida ouvinte,
E acompanho-me nesta divagação meditativa,
Nesta contemplação,
Por este momento tão belo,
Que nós não esquecemos o quão belo será,
Independentemente de que religião,
Ou de que prática,
Ou de que crenças você tenha,
Vamos a isso?
Então vamos começar,
Como sempre,
Por deixar de puser a nossa atenção na respiração.
Se você clicou nesta meditação,
Você já é um meditador experiente,
E portanto sabe que a experiência será muito mais enaltecida,
Se começarmos por mindfulness,
Por discernimento de sensações corporais.
Então inspiro e expiro,
E permito a minha atenção pousar suavemente entre o ar que entra e o ar que sai,
Foco a minha atenção na sensação de ter pulmões que me permitem respirar,
Sinto-os como uma esponja que incha e desincha,
E sinto-os com carinho,
Com prazer,
E agora forço-os com carinho,
Mas permito que os pulmões se incham totalmente e se esvaziem totalmente,
Uma ondulação agradável no ritmo da vida,
Enquanto que foco também agora a atenção no meu coração a bater,
Nas minhas mãos a repousar,
Nos meus pés alerta,
Consciente,
Se estiver sentado,
Sinta o chão por debaixo do seu pé,
Sinta o calcanhar apoiado,
As almofadinhas debaixo dos pés,
A sentires o contacto com a terra,
Se está deitado sinta os pés a cair para o lado,
A desligar aqueles últimos músculos do tornozelo,
E nesta ondulação inspira e expira,
E vou dizer ao meu corpo,
Corpo,
De uma vez só,
Permita-te desligar por uns instantes,
Cabeça,
Testa,
Sobrancelhas,
Uma especial atenção para vocês,
Toda a semana cheias de tensões,
Olhos,
Terceiro olho,
Centro das sobrancelhas,
Vamos sentir esses músculos todos a suavizar,
Na inspiração,
E por fim,
Uma atenção ainda mais carinhosa e muscular,
Aos ombros,
Pescoço,
Os músculos do trapézio,
A base da garganta,
Foco toda a minha atenção nesta fatia do corpo,
E na expiração,
Permito aos meus ombros,
Ao meu pescoço a desligarem,
Pouso as pálpebras,
E durante os próximos minutos,
Meu corpo,
Meu querido corpo,
Meu maravilhoso corpo,
Apesar de eu não ser tu,
E tu não seres eu,
Tu tens-me acompanhada nesta viagem,
E por isso peço-te,
E ofereço-te,
Ao mesmo tempo,
Estes minutos de desligamento,
Enquanto vamos fazer uma viagem,
Por dentro da nossa mente,
Utilizando a técnica de visualização criativa,
Então agora que estamos relaxados,
E se não estivermos,
Damos uma ordem de relaxamento ao corpo,
E dizemos,
Meu querido corpo,
Desliga tudo,
Sente o chão por debaixo de ti,
E o ar por cima de ti,
Deixamos a língua cair dentro da boca,
Suavizamos sobrancelhas,
Pálpebras,
Órbitas,
Deixamos o queixo cair,
Separamos o lábio inferior do superior,
E numa inspiração,
Mergulhamos para dentro,
Um mergulho no eu,
Deixamos o mundo cá fora,
Deixamos este mundo externo feito de coisas,
E de outras pessoas,
E de outros seres,
E vamos para dentro,
Em cada inspiração,
Eu sinto-me a mergulhar mais dentro de mim,
Do meu verdadeiro eu,
Que não é o meu corpo,
Que não são os meus pensamentos,
Que não são as minhas emoções,
Mas que eu vou estar atenta a cada um desses pedaços de mim,
Nesta meditação sobre a minha morte,
Sobre o meu fim,
E então eu quero que se visualize num belíssimo quarto,
Com uma belíssima varanda,
E com toda a atenção plena que lhe for possível,
Eu quero que tome atenção a cada pormenor que eu lhe vou pintar,
E você pode acrescentar sempre os seus,
Então eu quero que se veja numa perspetiva de primeira pessoa,
E você está deitado numa cama maravilhosa,
Num quarto belíssimo,
Esse quarto é maioritariamente branco,
Mas pode conter alguns elementos de cor,
De uma cor que você goste,
Porque este é o seu quarto,
Daqui a muitos,
Muitos,
Muitos anos,
Quando o seu corpo estiver a despedir-se desta existência,
É ali,
Nesse quarto,
Que você vai dar as últimas respirações,
E à medida que traz este pensamento,
Claro que é natural sentir uma vontade de sentir tristeza,
Porque a existência do corpo vai terminar,
Observe essa tristeza,
Fique com ela por uns instantes,
Então deste quarto magnífico,
Passe a sua atenção para a varanda,
Estamos a falar de uma varanda,
Um terraço largo,
E lá fora ouvem-se as ondas do mar,
Uma brisa entra pela varanda adentro,
E faz esvoaçar as cortinas brancas,
Semi-transparentes,
E você entrevê lá fora um céu azul,
Um cheiro a praia quente,
E umas gaivotas lá no fundo,
A aparecer,
Você sente a cama por baixo de si,
Sente o seu corpo a descansar,
Num estado de maravilhoso descanso,
Observe essa emoção,
Essa emoção que lhe dá quando pensamos que tem uns 100 anos,
E viveu uma vida maravilhosa,
E só por um instante sentimos essa sensação,
Esse arrepio de,
Meu Deus,
Eu vivi uma vida maravilhosa,
Só por um instante,
Só por um instante,
Sentimos essa sensação de ter vivido uma vida de 100 anos,
Uma vida maravilhosa,
E permanece neste momento,
Sem dúvida,
100% com certeza,
Que a vida que viveu foi plena,
Mesmo que agora,
Neste instante,
A sua mente esteja a dizer-lhe,
Que se calhar podia ter feito mais.
Ok,
Mente,
Obrigada por essa informação,
Vamos guardá-la ao cantinho,
E no final desta meditação,
Vamos trabalhar nisso,
Vamos colocar essas questões,
Será que estou a viver essa vida plena que eu quero viver?
Mas por ora,
Vamos assumir que sim,
Vamos assumir que você está a viver a vida como quem vai morrer,
E você volta ao seu corpo,
O corpo que aqui está desligado por si,
Intencionalmente,
Na sua meditação guiada,
Na sua visualização criativa,
Você sente que o corpo está a terminar,
Que a energia é pouca,
Mas a sua mente está a fazer este exercício,
A sua mente continua em meditação,
E você observa com toda a atenção,
As cortinas a esvazar,
Os cheiros a entrar pela varanda,
A sensação de branco a percorrer o quarto,
E é inundado por umas emoções positivas,
É inundado por memórias positivas,
E por um instante você está só no quarto,
E vamos permanecer aí na sensação,
Só por uns segundos,
De que este é o seu último quarto,
Este é a última estadia deste corpo,
Que você usou durante 100 anos nesta vida.
Permita-se sentir as sensações deste corpo?
Permita-se deixar-se invadir por emoções positivas,
Enquanto as cortinas esvoassem?
Quais são as emoções que aparecem dentro de si?
Se aparecer alguma emoção menos positiva,
Observe-a,
Fique com ela,
Respeite-a,
Seja gentil consigo próprio,
Se lhe precisar chorar,
Chore,
Chore profundamente,
Porque daqui a uns minutos,
Quando acordar,
Na realidade você tem muito menos que 100 anos,
E tem muita vida para viver ainda,
E para mudar ainda,
O que quiser,
Portanto permita-se as lágrimas escorrerem pelos seus olhos,
Permita-se.
Ficamos aqui no seu quarto só,
Por uns segundos,
Antes do passo seguinte.
No passo seguinte estamos com as emoções,
E apesar de nós sermos responsáveis pelas nossas próprias emoções,
Muitas vezes elas estão relacionadas com as pessoas da nossa vida,
E portanto eu quero que durante uns segundos,
Você permita às imagens,
Às memórias,
Ou até às pessoas reais,
Aparecerem no seu quarto.
Repare que estas pessoas que existem,
Você pode não saber bem quem elas são,
Por exemplo,
Se ainda não teve filhos,
Pode imaginar os seus filhos a entrar.
E aqui vamos permitir a imaginação fluir sem regras,
Sem limites.
Ou se ainda deseja encontrar o seu amor romântico,
Alguém,
Um companheiro,
Uma companheira com quem passar a vida,
Imagine-o lá,
Mas não precisa de pintar a cara,
A roupa,
Quem é essa pessoa?
Podemos não saber.
Imagina outras pessoas,
Um irmão,
Uma mãe,
Uma pessoa que possa eventualmente ainda lá estar.
Imagines quem é que você deseja que apareça neste quarto,
Nestes últimos instantes.
Ficamos só por uns segundos?
Amanheça no seu corpo,
Permita às pessoas entrar e fluir no seu quarto.
Observe estas pessoas pela última vez com curvir e com um imenso carinho,
Ok?
Se for invadido por uma tristeza,
Observa a tristeza.
Se vierem poucas pessoas,
Ou muitas pessoas,
Ou não as pessoas que você estava à espera,
A mente tem destas coisas,
Portanto,
Aproveite para que a mente lhe ensine,
O seu inconsciente agora pode desbobinar tudo que está aí guardado.
Este é o momento da sua morte.
Daqui a uns minutos o seu corpo morrerá,
O seu corpo termina neste quarto.
Vamos lá?
Quem é que está a entrar no seu quarto?
Fique e dê-me um sorriso neste momento.
O seu corpo está a desligar,
Mas o sorriso está extremamente ligado.
E toda a gente que entra no seu quarto,
Na sua última morada nesta terra,
Olha para o seu sorriso e sente o seu sorriso.
O sorriso que emana contamina todo o seu quarto.
Fique longe,
Vamos a receber estas pessoas para a sua despedida.
E agora você pode permitir às pessoas ficarem aí no seu quarto,
Ou pode pedir para as pessoas se retirarem porque deseja ficar sozinha mais um pouco.
Aqui nesta realidade,
Toma atenção se o seu corpo está a reagir a alguma coisa que esteja a acontecer nesta meditação guiada.
Pode acontecer de estar alguma tensão muscular a surgir,
Vontade de chorar,
Algumas reações físicas.
Tome consciência delas,
Inspire e expire.
E permita-as fluir e seguir o seu caminho.
E você volta a focar-se.
Você volta a focar a sua atenção na praia lá ao fundo,
As gaivotas,
A varanda,
O branco,
O calor a entrar pela varanda,
O joçar das cortinas.
Você observa os seus pezinhos,
Os seus dedinhos dos pés,
Você está a deitar-te.
Você observa os seus dedos das mãos na meditação.
E aqui vamos sentir a existência desse corpo nesta realidade.
Enquanto na visualização dos seus últimos instantes neste mundo.
Você vê os dedinhos das mãos encarquilhados,
Cheios de rugas.
E você vê os dedinhos dos pés cheios de rugas e todos tortinhos.
Você senta as suas pernas e mexe-as.
E não interessa do que é que está a morrer,
Se é de doença,
Se é de cansaço,
Se é do que for.
Uma coisa é certa,
Você tem cento e muitos anos.
E acabou o prazo de validade deste corpo.
Independentemente das suas crenças.
Então já fizemos o corpo,
Já fizemos um pouco de emoções,
Vamos aos pensamentos.
Nestes últimos instantes,
Meu querido,
Minha querida,
Ouvinte.
Vamos permitir ficar dez respirações aí.
Deixe fluir os seus pensamentos.
Deixe vir as emoções que vierem.
Chore,
Grite,
Arrependa-se.
Tome decisões agora do que quer fazer neste instante aqui,
Nesta realidade,
Neste ano atual.
Para que na sua última morada,
No seu último instante de morte,
Os pensamentos específicos,
Reais,
Que aquele sequer gostava que aparecessem,
Simente lhe disseram que gostava mesmo que acontecesse isto e isto naquele momento.
Ok,
Ouvimos a mente.
Respeitamos,
Permitimos aos pensamentos desenrolar-se à nossa frente.
Não engajamos neles.
Não é o momento agora,
O momento é quando acordares desta meditação.
É quando despertares,
Despertar a consciência.
Quando terminar e quando desligar esta meditação,
Você vai tirar lençóis daqui,
Você vai tirar decisões com carinho,
Com prazer.
E por ora vamos ficar dez respirações no nosso quarto.
E vamos permitir à nossa mente lúcida,
Fresca,
Com 100 anos,
Dizer tudo o que ela quiser dizer sobre este momento.
Sobre esta vida que vivemos em conexão com o planeta.
Sobre tudo o que tiramos desta oportunidade única,
Em princípio,
Que nos foi dada.
Sobre o que poderíamos ter feito diferente ou o que ainda podemos fazer.
E vamos permitir às emoções fluírem.
Se estiver a custar muito fazer este exercício,
Se estiver a ser sugerido,
Eu peço-lhe que resista mais um pouco.
Acredite que isto é uma experiência transformadora.
E se lhe der vontade de chorar e se aluçar e sofrer,
Fique por uns instantes,
Mas foque na respiração.
Permita-se ganhar a consciência de que isto é um momento de verdade.
E se ele acontecer exatamente como eu lhe estou a oferecer,
Nesta pintura,
Nesta experiência que eu lhe estou a pintar,
Seremos todos muito felizes se ele acontecer exatamente assim.
Não será esse o nosso desejo?
Que seja exatamente assim.
Num quarto esvazoasante,
Com gaivotes e ondas do mar.
Lá ao fundo eu sinto o calor do sol a começar a diminuir e o laranja do quarto a começar a passar a um bopor do sol.
O dia está a terminar.
E a minha vida também.
Dez respirações.
Mente,
Diz o que tu quiseres.
Se eu puder manter uma sorriso e a minha testa suavizada.
Ótimo.
Eu permito ao meu ser experienciar estas dez respirações.
Inspiro e expiro.
Dez.
E continua dez vezes.
Na sua visualização da sua morte.
Você abre os olhos.
Lá.
E vamos fazer o último exercício.
Vamos nos visualizar do teto do seu quarto.
E agora sim,
Visualize o seu corpo.
Cheio de rugas.
Cheio de cabelos brancos.
Visualize do fundo,
Lá do fundo do quarto,
Do fundo do teto.
Vamos virar a câmara para nós próprios.
E vamos ver esse corpo.
Já vimos o que a mente tinha a dizer e o que as emoções estiveram a dizer.
As ações,
Já estamos a ser mindful das nossas ações.
Já estamos em atenção plena ao que queremos que seja o nosso comportamento neste último momento maravilhoso desta existência.
Observe esta sensação de dicotomia,
De eu quero fazer esta meditação,
Mas ao mesmo tempo há uma parte de mim,
Uma profunda,
Enraizada parte de mim que foi educada a temer a morte,
Que foi educada a chorar a morte.
E esta parte de mim às vezes parece querer emergir.
Mas depois o meu eu verdadeiro sabe que é morte do corpo.
E não sei o que há para o outro lado,
Mas é o corpo que morre.
Eu quero que ele morra desta maneira,
Eu quero que ele morra com um sorriso nos lábios,
Com a pele cheia de rugas,
Com os cabelos brancos.
Os lancóis são brancos,
As cortinas são brancas.
E depois temos aquele tal elemento de cor,
Aquela flor lindíssima,
O quadro por cima da sua cabeceira.
Qual é?
O que é que você optou por colocar nas suas mesinhas de cabeceira?
De que cor é a sua manta?
E o tapa neste momento?
Uma coisa é certa,
Você vê-se assim e vê o seu corpo.
Um corpo que viveu tudo o que pode viver.
Um espírito,
Um ser consciente que viveu em alerta,
Em meditação.
E que neste momento,
Ali ao fundo,
Você visualiza-se a si próprio com um sorriso.
E é como se tivesse a sorrir para si próprio,
É como se você soubesse que,
Noutros tempos,
Há muitos anos atrás,
Você fez essa meditação.
Caro leitor,
Caro leitor,
É tão emocionante viá-lo neste momento.
E apesar de já ter feito esta meditação muitas vezes,
Sensibiliza-me este momento em que,
Talvez,
Daqui a 40,
60,
70 anos,
No seu último momento,
Você olhe para o topo do teto e reconheça uma espécie de câmara que lá está a filmar e que mudou a sua vida.
E a partir daquele instante em que você fez este exercício,
Esta visualização,
Em que começou a ser mindful,
Começou a ser plenamente consciente da sua morte,
Só assim você realmente começou a viver a sua vida.
Permaneça neste quarto o tempo que você quiser.
Observe os elementos.
Permita o seu corpo a relaxar.
Vou deixá-lo por mais uns segundos.
Permita a sua mente tirar as ilações,
As conclusões,
As lições que quiser.
Sempre tendo em conta um princípio fundamentado.
Meu querido ouvinte,
Minha querida ouvinte,
Seja gentil consigo próprio,
Ame-se a si e aos outros e viva a vida com plena consciência da morte.
Um abraço e até próximas oportunidades.
